Passar para o conteúdo principal

RNA 2100 - Avaliação de vulnerabilidades do território português às alterações climáticas no século XXI

As alterações climáticas constituem hoje um dos grandes desafios deste século, sendo Portugal um dos países europeus mais expostos aos impactes adversos das Alterações Climáticas.

Os efeitos destes perigos nos diversos setores económicos, ecossistemas e regiões do país levam à necessidade de ter mecanismos eficazes de acompanhamento e gestão de risco, e redução dos fatores que o determinam, em particular ao nível da exposição e vulnerabilidades.

O Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 (RNA 2100), é um projeto EEA Grants coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que tem como parceiros a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), a Direção-Geral do Território (DGT), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Banco de Portugal (BP) e a Direção Norueguesa de Proteção Civil (DSB).

O projeto que agora termina cumpriu o objetivo de atualização dos cenários climáticos de referência para Portugal, bem como a avaliação de riscos climáticos com especial enfoque na modelação de impactes nas zonas costeiras, recursos hídricos, agrofloresta e no domínio dos incêndios. Os resultados encontram-se vertidos em narrativas de adaptação para as diversas regiões (NUTS2) de Portugal.

O Roteiro explorou ainda a componente económica da adaptação e os custos/impactes da inação, tendo contemplado a produção de um Guia de orientações e boas práticas sobre a integração da adaptação às alterações climáticas nos instrumentos de planeamento territorial de nível municipal.

Os resultados apontam de uma forma geral para o aumento de frequência e intensidade de eventos extremos de precipitação e temperatura, como dias muito quentes e noites tropicais, com impactes diretos na saúde pública. 

As narrativas de adaptação produzidas para as cinco regiões – Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve – evidenciam a redução nas disponibilidades hídricas na generalidade das regiões hidrográficas portuguesas. As alterações climáticas poderão afetar tanto as necessidades de irrigação como a produtividade das principais culturas cultivadas no território nacional, que poderão resultar em perdas económicas globais não desprezíveis.

Ao nível dos incêndios os resultados demonstram um aumento do número de dias com perigo meteorológico extremo, sendo as projeções globais de meio do século e final do século particularmente preocupantes.

Relativamente às zonas costeiras, o impacte ao nível dos processos de erosão e inundações costeiras, ocorre sobretudo devido a alterações nos níveis da água, motivadas pela subida do nível médio do mar, mas também pela sua combinação com marés, sobrelevações meteorológicas e agitação marítima. Estes fenómenos colocam em risco pessoas e bens, tendo sido identificados vários municípios com elevada incidência de edifícios e pessoas vulneráveis. 

A articulação e integração das opiniões das partes interessadas foi também uma das preocupações ao longo do processo, tendo sido realizados workshops com o envolvimento de stakeholders dos diferentes setores em estudo, bem como seminários para apresentação e discussão dos resultados do RNA 2100 nas diferentes regiões do País. Todos os resultados detalhados obtidos estarão facilmente acessíveis e disponíveis ao público aqui

Com a sistematização do conhecimento científico mais recente, pretende-se que os resultados deste projeto possam ser úteis desde logo para:

  • apoiar a revisão da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC) a concluir até ao final de 2025;
  • apoiar a elaboração de políticas de adaptação e sua integração nos instrumentos de gestão territorial (IGTs);
  • dotar as CCDR e os municípios, e todos os stakeholders, dos cenários climáticos mais atuais e do melhor conhecimento disponível atualmente em matéria de adaptação em diferentes setores relevantes, informação esta que será útil no contexto da elaboração dos planos regionais e municipais de ação climática previstos na Lei de Bases do Clima; 
  • identificar lacunas de dados que são importantes colmatar no futuro tendo em vista melhorar a monitorização dos impactes das medidas de adaptação implementadas e os custos derivados das perdas e danos dos eventos extremos associados às Alterações Climáticas em Portugal.

O momento formal de conclusão do RNA 2100 assinalou-se, dia 2 de maio, com a realização de uma Cerimónia de Encerramento, na sala “O Século” da Secretaria-Geral do Ambiente, onde serão apresentados os principais produtos do projeto.

Assista à sessão no canal de YouTube da APA.

 

Logos dos Parceiros